A SONAE poderá abater, desnecessariamente, várias árvores no Monte da Virgem

COMUNICADO
Porto, 12/01/2020

Num tempo em que tanto se fala do papel das árvores, e da sua importância para a fixação de carbono, para a regulação do clima, para a defesa da biodiversidade e para o equilíbrio da paisagem, a SONAE/Continente, prepara-se para abater, tudo leva a crer, quatro vetustos plátanos no Monte da Virgem (Vila Nova de Gaia), para criar o acesso a um novo supermercado.

É certo que os plátanos (Platanus sp.) não são árvores protegidas por lei nem, em risco, mas são muito importantes nomeadamente, neste caso, por questões de valorização paisagística. Estes quatro plátanos, mais alguns existentes junto à RTP/Monte da Virgem e ao Hospital de Gaia são o que resta da arborização da antiga estrada municipal de Santo Ovídio a Avintes.

Aplicando a estas árvores o método de avaliação de valor CAVAT (Capital Asset Value for Amenity Trees), usado pela The London Tree Officers Association (LTOA), chegaremos a valores da ordem dos 86 mil euros por cada árvore.

Acresce que estes quatro plátanos não estão em conflito com nada e a sua manutenção poderia valorizar o próprio supermercado, criando uma imagem distintiva e uma identificação do lugar.

Se, por vezes, há abates necessários por razões de segurança ou de renovação urbanística, neste caso nada justifica, salvo melhor opinião, o corte das árvores, que estão bem formadas e sem problemas fitossanitários.

O terreno onde está em construção o novo supermercado tem quatro frentes para os arruamentos circundantes, com um perímetro total de cerca de 600 m e os quatro plátanos apenas ocupam cerca de 40 m de extensão pelo que, em projeto, poderia o acesso ao parque de estacionamento do supermercado ter sido localizado noutro ponto .

Este flagrante desrespeito pelas árvores contraria, além de tudo o mais, os “… compromissos subscritos pela Sonae e em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, definimos 5 eixos de atuação, que orientarão as nossas atividades na construção de um futuro sustentável: CO2 e alterações climáticas, natureza e biodiversidade, plásticos, desigualdades e desenvolvimento inclusivo e apoio à comunidade.” (Relatório de Sustentabilidade´18 do Grupo SONAE).

E não será por virem a plantar umas quantas árvores em torno do novo supermercado, ou noutros contextos, que se minimiza ou compensa o abate de quatro frondosas árvores, até porque a ciência nos explica que as árvores mais velhas fixam mais CO2.

Em face do que o desenvolvimento das obras de construção do supermercado fazia prever, em 8 de Dezembro passado o FAPAS (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens) alertou a Administração da SONAE, por email, solicitando a preservação das árvores em questão; o email não teve qualquer resposta, pelo que foi enviado novo email em 9 de Janeiro, igualmente sem resposta, o que também contraria a política do Grupo SONAE: “O compromisso da partilha e promoção do bem-estar é um valor transversal às várias empresas do grupo Sonae que, influenciadas por esta forte cultura, desenvolvem iniciativas externas diversas, reforçando a sua proximidade à comunidade.”

O silêncio da SONAE perante os emails do FAPAS é mais indício da intenção de abate das árvores a somar aos indícios visíveis no local.

A Direção do FAPAS espera que ainda haja uma alteração ao projeto que viabilize a manutenção das árvores e mostre o respeito do Grupo SONAE pelos compromissos publicamente assumidos nesta matéria.

[1] Imagem do terreno (Fonte Google Earth)

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ou fapas@fapas.pt

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