Aglais io (a lagarta)
– forma larval
– completamente negra
– encontram-se em grupo, normalmente em urtigas ou cardos
Esta semana o Almanaque traz-vos a lagarta da borboleta-pavão, Aglais io. Todas as borboletas sofrem uma metamorfose, começando por um ovo, e passando a lagarta, crisálida e finalmente adulto. Na borboleta-pavão, os ovos são postos por baixo de folhas de urtiga, cardo, ou outras plantas de pequeno porte. Quando eclodem, as lagartas juntam-se (às dezenas) e tecem um ninho com a seda que produzem. Assim que atingem um determinado tamanho e estão prontas para pupar, as lagartas dispersam e formam crisálidas. Após duas semanas uma borboleta adulta e bem colorida, muito diferente da lagarta escura, emerge.
Tal como muitas outras borboletas (noturnas e diurnas), as borboletas-pavão apresentam nas asas formas semelhantes a olhos, que servem para “assustar” potenciais predadores. No entanto, para além dos olhos esta espécie desenvolveu uma estratégia contra predadores curiosa, mas muito eficaz: quando um predador se aproxima, a borboleta-pavão abre as asas e aponta-as na direção do predador, expondo assim os quatro olhos, e agita-as em movimentos bruscos e rápidos. Se o predador se move, a borboleta gira as asas na sua direção, mantendo assim o predador sempre “vigiado”. Também emite alguns sons, como um assobio e outros impossíveis de identificar pelo ouvido humano, que se pensa serem mecanismos de defesa contra morcegos (outro dos seus predadores) e pequenos mamíferos (que as apanham no local de hibernação). Quando está em repouso, esta borboleta mantém-se com as asas fechadas, perpendicularmente ao seu corpo, camuflando-se assim com o seu padrão escuro.
Esta borboleta hiberna durante o Inverno, mas está ativa em dias soalheiros. As lagartas também já começaram a eclodir, e podemos encontrar os seus ninhos sedosos com muitas lagartinhas negras a trepar folhas. A borboleta Almirante-vermelho (Vanessa atalanta) também tem lagartas pretas que vivem em grupo em ninhos sedosos. No entanto, as lagartas da Almirante-vermelho têm manchas brancas de cada lado, e podem assim ser distinguidas das lagartas-pavão. Se nos passeios perto de casa encontrarem estes ninhos com lagartas muito escuras e dúvidas persistem quanto à espécie, o melhor é mesmo seguir a metamorfose e esperar que a borboleta emerja!
Não houve ainda nenhum estudo que testasse a fiabilidade dos olhos das borboletas-pavão contra o mau-olhado. No entanto, será um golpe de sorte encontrar esta bela espécie a esvoaçar, ou até as suas lagartas aveludadas petiscando folhas apetitosas. Para a semana voltaremos com outra espécie. Até lá, protejam-se e sigam a FAPAS!