MAIS UM ATENTADO CONTRA O RIO GERÊS, A VILA DO GERÊS E O PARQUE NACIONAL
Comunicado
28/12/2020
A FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade foi, na semana passada, confrontada com notícias e imagens da instalação de duas (?) plataformas metálicas sobre o Rio Gerês, afluente do Cávado, junto à Avenida 20 de Junho, na Vila do Gerês (por trás da Capela de Santa Eufémia).
Não se conhece o uso previsto para essas plataformas, mas seja qual for, revelam muito mau gosto e desrespeito pela paisagem que dá valor à Vila do Gerês e pelo Parque Nacional onde se insere.
Lamentavelmente esse atentado contra o Rio e a Vila do Gerês parece estar a ser financiado por verbas comunitárias do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do programa Interreg V-A Espanha-Portugal (POCTEP – Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal), através da candidatura “Raia Termal” apresentada em 2015 pelo Município de Terras do Bouro, entre outras entidades, e que deveria estar concluída em 2020.
Ironicamente a referida candidatura enquadra-se no eixo prioritário número 3 que prevê o “crescimento sustentável através da cooperação transfronteiriça para a prevenção de riscos e melhor gestão dos recursos naturais”.
Claro que as citadas plataformas vão contribuir muito para a “prevenção de riscos” quando o rio entrar em caudal de cheia e arrastar vegetação, que ficará encravada contra os pilares destas estranhas estruturas, criando como que uma “barragem”, com o rio a ganhar velocidade e a galgar para a Avenida 20 de Junho; depois digam que são “desastres naturais”!
Mesmo sendo uma intervenção em meio urbano, não deixa de ser no interior do Parque Nacional da Peneda-Gerês (e que não fosse) e não pode a FAPAS ficar indiferente a esta desastrosa intervenção que contraria todas as orientações e diretivas da União Europeia em matéria de ambiente, pelo que, em caso nenhum, pode ser custeada por fundos vindos de Bruxelas, que o mesmo é dizer, pelos nossos impostos.
Se esses fundos foram usados, há que os devolver, para o que a FAPAS irá apresentar uma participação no OLAF – Organismo Europeu de Luta Antifraude da Comissão Europeia. Entretanto já foi apresentada uma queixa às Autoridades Portuguesas para adequada investigação do cumprimento da legislação de ordenamento do território, nomeadamente do PDM (Plano Diretor Municipal) de Terras do Bouro e do Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês (POPNPG), aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 11-A/2011, de 4 de fevereiro.
O turismo vive da paisagem; degradar a paisagem é destruir um dos principais recursos que Portugal tem para oferecer.
Quinta de Chão de Carvalhos, 28/12/2020
A Direção da
FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade
INFORMAÇÕES:
Nuno Gomes Oliveira
Carlos Evaristo
fapas@fapas.pt