Margaça-de-inverno

– Coroa (ou olho) central amarela com “pétalas” brancas

– inflorescência aromática

– Brácteas (escamas que revestem a base da flor) com margem escura

A espécie desta semana é a margaça-de-inverno, um malmequer que pertence ao grupo das camomilas. Isto é confuso? É! Mas vamos explicar aqui as diferenças.

Malmequer é o nome comum que se dá a flores com uma coroa central amarela, com pétalas brancas ou amarelas a rodeá-la, da família das Asteraceas. Na verdade, as “pétalas” não são pétalas verdadeiras (chamam-se lígulas), e a coroa amarela é um conjunto de mini-flores, mas isso será assunto para outro capítulo (que por acaso é o nome deste tipo de flor, mas continuemos).

As camomilas são malmequeres aromáticos (ou seja, que libertam fragância quando esfregados), e que têm sido usados desde a Antiguidade na medicina tradicional. Esta definição é muito vaga, já que camomila pode ter diferentes significados dependendo da localização geográfica. As espécies mais comummente usadas para a “infusão de camomila” são a macela ou camomila-romana (Chamaemelum nobile) e a camomila-alemã (Matricaria recutita), também presentes em Portugal. De referir a camomila-das-dunas (Matricaria maritima), uma espécie que se adaptou ao ambiente dunar e que cresce em Portugal em dunas ou praias de pedras. Continuando…

Finalmente, a margaça-de-inverno (Chamaemelum fuscatum) é uma espécie do género Chamaemelum, ou seja uma camomila, também com propriedades aromáticas mas menos usada na medicina tradicional que a camomila-romana (Chamaemelum nobile), talvez por florescer ainda no Inverno, ou por ser um pouco mais amarga. Das três espécies presentes em Portugal, Chamaemelum fuscatum (margaça-de-inverno), C. mixtum (margaça-de-Verão) e C. nobile (macela), a forma mais fácil de as distinguir é certamente o período de floração: Janeiro-Abril, Março-Junho e Maio-Setembro, respetivamente. Por isso, se encontrarem um Chamaemelum por esta altura o mais provável é que seja C. fuscatum ou C. mixtum. Estas espécies têm folhas com aspeto recortado e tubulares e encontram-se em locais húmidos. Por baixo da flor, o recetáculo da flor (onde a flor, ou flores, encaixam) está recoberto por brácteas, que são folhas modificadas em forma de escama, e na margaça-de-inverno as suas margens são escuras (como se pode ver na flor à direita na ilustração), enquanto que na margaça-de-verão e na macela as margens são hialinas (ou semitransparentes). Estas três espécies também diferem na forma da bráctea inter-floral, mas esta característica apenas é visível se a coroa for cortada longitudinalmente.

Acharam estranho que não mencionássemos as margaridas? Isso é porque as margaridas são outro tipo de malmequeres, do género Bellis, mais pequenas que as margaças mas também muito comuns em Portugal. São malmequeres com as “pétalas” (ou lígulas) brancas, mas quando jovens apresentam lígulas cor-de-rosa. Têm uma característica curiosa, já que tal como os girassóis apresentam heliotropismo, ou uma inevitável atração pelo Sol.

Partilhem connosco fotos das vossas margaças, camomilas, margaridas, ou malmequeres! Por esta altura são umas das favoritas dos nossos abelhões e outras abelhas, alimento indispensável às rainhas que procuram néctar, e presença assídua de qualquer berma de estrada, mato, maninhos, baldios ou incultos! Fazem parte das “daninhas”, ou das plantas indesejadas que se cortam e podam para substituir por relvados ou acimentados. No entanto, são fulcrais na alimentação de muitos insetos, e por isso insubstituíveis por qualquer monótono relvado.

Para a semana voltaremos com outra espécie para o Almanaque. Até lá, protejam-se e sigam a FAPAS!

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