Monachus monachus
– Alimenta-se diariamente de cerca de 12 % do seu peso em peixe e outros animais marinhos
– pode viver até aos 35 anos
– vivem isolados mas agregam-se em terra na altura de reprodução
“Nós somos leões
Os lobos do mar
E na verdade o que vos dói
É que não queremos ser heróis!”
Fausto Bordalo Dias
A espécie desta semana é o lobo-marinho, também conhecida por foca-monge-do-mediterrâneo, Monachus monachus. É a foca mais rara do mundo, e apesar de se encontrar desde a Turquia (Mediterrâneo) até à costa da Mauritânia (Atlântico), estima-se haver apenas menos de 600 indivíduos no total desta espécie.
Em Portugal encontram-se apenas no Arquipélago da Madeira, onde podemos contar entre 30-40 indivíduos. Apesar de pequena, a população de lobo-marinho tem vindo a aumentar desde os anos 80 onde havia apenas 7 indivíduos, e apenas nas Ilhas Desertas. Atualmente os lobos-marinhos são ainda ameaçados pela perda e destruição do seu habitat, e diminuição de alimento disponível. No entanto, esta espécie tem sido acarinhada pelos Madeirenses, e adotada como um dos símbolos deste já tão rico Arquipélago.
Desde 1982 que têm sido implementadas várias ações de conservação, e em 1988 iniciou-se o Programa de Conservação e Monitorização do Lobo-Marinho de forma a proteger esta espécie, permitindo assim aumentar a sua população Portuguesa. Algumas destas ações incluíram mudanças nas técnicas de pesca autorizadas (nomeadamente a proibição na Madeira da pesca com rede de emalhar), implementação do estatuto de Zona Protegida nas Ilhas Desertas (onde se encontrava, e ainda se encontra, a maior parte dos indivíduos) e uma grande campanha de educação ambiental de forma a informar sobre a importância do lobo-marinho para a biodiversidade local, e quais os comportamentos humanos a evitar.
Lobos-marinhos foram pela primeira vez vistos no Arquipélago da Madeira quando navegadores portugueses chegaram a estas ilhas. Numa das batidas para fazer o reconhecimento, encontraram numa enseada um grupo destes mamíferos. Por causa dos uivos ou urros emitidos, e o facto de serem predadores do mar, deram-lhe o nome de lobo-marinho, e à enseada onde foram pela primeira vez vistos em Portugal, Câmara de Lobos, na Ilha da Madeira.
Enquanto que na maré vaza podem-se encontrar nas furnas ao sol, durante a maré alta (e quando há menos espaço para espraiar) caçam peixes (como o congro), cefalópodes (polvo, lulas) e alguns crustáceos. São animais solitários, mas agregam-se durante a reprodução e enquanto as fêmeas estão a amamentar as crias, juntam-se a outras fêmeas e respetivas crias, separadas dos machos.
Apesar do lobo-marinho ainda estar criticamente em perigo e muito caminho ainda estar por fazer, o sucesso das ações de conservação levadas a cabo desde os anos 80 que levaram ao aumento da população de lobo-marinho, e evitaram a tragédia quase inevitável que parecia ser a sua extinção, são um exemplo para outras espécies Portuguesas!