As “Prendas” do 50º Aniversário do Parque Nacional da Peneda-Gerês

Comunicado

18/04/2021 – 24h00

Como se já não fosse suficientemente má a recente instalação de umas estranhas plataformas sobre o Rio Gerês, na vila do mesmo nome, contra as quais a FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade se insurgiu por comunicado de 28/12/2020 (https://www.fapas.pt/mais-um-atentado-contra-o-rio-geres-a-vla-do-geres-e-o-parque-nacional/), chega-nos agora a notícia de mais uma ideia que muito contribuiria para a degradação do nosso único Parque Nacional.

Instalar um teleférico a ferir a paisagem geresiana é coisa que não lembraria a ninguém e, se lembrasse, o autor teria pudor na sua divulgação, até por ser explicitamente interdito pela alínea o) do artigo 7º do Regulamento do Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês, aprovado por Resolução do Conselho de Ministros nº 11-A/2011.

Quem conheceu as Termas do Gerês há 30 ou 40 anos, lembra-se que estavam em adiantado estado de abandono, em boa parte, é certo, devido à decadência do termalismo.

Nestas últimas décadas as Termas do Gerês, Vila do Gerês desde 1991, essencialmente devido à “marca” PNPG (Parque Nacional da Peneda-Gerês) e ao aumento do interesse das pessoas pelo património natural, pelos passeios na natureza, pela observação da fauna e da flora, pelas tradições e pelo património cultural, tiveram enorme desenvolvimento.

Claro que a paisagem se afirma como um dos principais fatores de cativação de visitantes que, frequentemente, fazem centenas de quilómetros e grandes caminhadas para contemplarem um panorama excecional; e o PNPG oferece muitas paisagens de eleição, a começar pela vista que se alcança da Pedra Bela.

Este local foi acessível, durante décadas, por viaturas e, naturalmente, a cavalo ou a pé, e não foi por isso que deixou de ser visitado e de se tornar conhecido. É verdade que, nos últimos anos – fruto desse interesse pela natureza que dinamizou e economia da freguesia de Vilar da Veiga – passou a haver uma afluência que, claramente, ultrapassa a capacidade de carga do local.

Mas já nos inícios do PNPG – há 50 anos – essa possibilidade tinha sido prevista, aconselhando-se, e chegando a levar à prática, a oferta de deslocação a cavalo, em charretes ou num minibus que o próprio Parque Nacional tinha. Ofertas que duraram pouco tempo devido à escassa visitação que, então, o Parque tinha, mas que hoje seriam sucesso garantido.

Ferir a paisagem com cabos, torres (que implicam corte de arvoredo) e cabines de teleférico é bem pior do que circular em estradas ocultas pela vegetação.

Contudo, tal como os proponentes do teleférico, também defendemos que a circulação automóvel deve ser drasticamente reduzida, não só no acesso à Pedra Bela, como, muito especialmente, na estrada N308-1 e nas estradas florestais que atravessam a Mata de Albergaria, classificada pelo Conselho da Europa como uma das Reservas Biogenéticas da Europa e pelo Plano de Ordenamento do Parque, como Área de Protecção Parcial inserida em Área de Ambiente Natural.

Apelamos à CCDR-N (Comissão de Coordenação da Região Norte) e à Câmara Municipal de Terras do Bouro no sentido de abandonarem esta ideia que, além do mais, nunca poderia ser apoiada por fundos europeus dado o princípio comunitário do “no significant harm” e, também, porque se trata de um investimento condenado ao fracasso, por comparação com o que o Jornal de Negócios, do passado dia 16 de Março, escreve sobre o teleférico de Gaia, instalado numa das zonas mais turísticas de Portugal: “A situação económica da concessionária “é grave”, pelo que “necessita” de “financiamento bancário”, cf.
https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/transportes/detalhe/teleferico-de-gaia-pendurado-na-banca#loadComments

Apelamos ao ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) para que manifeste com urgência a sua posição sobre este assunto, de modo que ele não represente uma evidência da precoce falência do modelo de cogestão das áreas protegidas.

Na recém constituída Comissão de Cogestão do PNPG, o elemento da FAPAS, que representa as Associações de Defesa do Ambiente, irá levar este assunto à próxima reunião.

A alternativa ao teleférico e ao condicionamento da circulação, na opinião da FAPAS, seria a criação, a partir de adequados locais de estacionamento, de circuitos de minibus ou pequenos carros movidos a eletricidade ou gás, operados por um número limitado de microempresas locais; esse modelo sim, desenvolveria a economia local e o emprego (que um teleférico não cria) e poderia facilmente ser objeto de apoios comunitários ou do Fundo Ambiental.

Quinta de Chão de Carvalhos, 18/04/202
FAPAS- Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade,
Nuno Gomes Oliveira
fapas@fapas.pt

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